quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Reunião de 27/10/2009

Resumo do nº 42 do capítulo V "A Inversão dentro da Vida Ativa e a Vitória do Homo Faber".
A inversão deu-se na ascensão da fabricação, colocando a contemplação em segundo lugar, uma mudança na hierarquia das capacidades humanas. Foi um instrumento, o telescópio, e portanto o homem como fabricante de instrumentos, que levou à moderna revolução. O emprego da experimentação para fins de conhecimento vinha da convicção de que o homem só pode conhecer aquilo que ele mesmo fabrica; a partir disso ele poderia aprender sobre as coisas que não fez se calculasse e imitasse os processos pelos quais essas coisas passaram a existir. A discutida mudança de ênfase na história da ciência é decorrência direta dessa convicção, e a resposta só pode ser encontrada na experiência. "Dai-me a matéria e construirei o mundo, dai-me a matéria e vos mostrarei como o mundo foi criado a partir dela." Palavras ditas por Kant.
O elemento mais significativo: a mudança do "porque" e do "que" para o "como" implica que já não são coisas ou movimentos eternos, mas processos e que o objeto da ciência já não é a natureza ou o universo, mas a história. Em todos os casos, o processo da evolução, conceito-chave das ciência históricas, torna-se o conceito central das ciências físicas. Em lugar do conceito do Ser, aparece agora o conceito de processo. A natureza do ser aparece, revela-se, a natureza do processo é invisível, e só pode ser percebido através de certos fenômenos.
Os processos e não as idéas, os modelos e as formas das coisas a serem criadas, tornam-se na era moderna os guias das atividades de fazer e fabricar.
A filosofia política da era moderna - Hobbes - diz que a realidade e a razão humana se divorciaram. Hegel pretende reconciliar o espírito com a realidade, baseando-se na percepção de que a razão moderna soçobrava nos escolhos da realidade.
Com a moderna alienação do mundo o rompimento com a contemplação foi consumado, com a introdução do conceito de processo na atividade da fabricação.
A filosofia grega segue a ordem estabelecida pela polis mesmo quando se volta contra ela. Platão e Aristóteles tendem a inverter a relação entre trabalho e ação a favor do trabalho. Na filosofia de Platão, o assombro mudo junto com o amor do filósofo pelo eterno, e o desejo do artífice de atingir permanência e imortalidade, são quase a mesma coisa. O favorecimento da contemplação derivada das experiências do homo faber, teve influência sobre Platão que foi buscar seus exemplos na esfera da fabricação, porque estavam mais próximos de uma experiência humana mais geral.
SSil

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